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           ”Se eu quiser, meu filho, elejo até um poste. O criador da célebre frase foi Antônio Carlos Magalháes no auge de seu poder, ainda na década de 80.
 Seu candidato a governador da Bahia, Clériston de Andrade, morrera num acidente de aviáo 40 dias antes das eleições estaduais de 82. Questionado, sem saber exatamente quem indicar, o velho coronel se saiu com essa. E o poste “ absolutamente desconhecido dos baianos à época – acabou sendo Joáo Durval Carneiro, pai do atual prefeito de Salvador.
           Mas ACM sabia o que dizia. Trazia os prefeitos amarrados aos seus pés como se amarra bode no poste. Sempre cheio de dossiês contra as falcatruas dos prefeitos, controlando a vida pessoal de cada um, controlando a prestaçáo de contas no Tribunal de Contas da Bahia, ninguém escapava ileso. Um velho prefeito de Campo Alegre de Lurdes, norte da Bahia, ficou famoso na cidade por levar, literalmente, um chute no traseiro no gabinete de ACM.
           O reinado de ACM acabou. Continuam seus herdeiros, náo o ACM Neto, mas o Geddel Vieira Lima, prata da casa, que aprendeu com ACM como se faz polÃtica com o dinheiro público. Dessa forma, pegou o dinheiro da revitalizaçáo do Sáo Francisco e do Ministério da Integraçáo e fez sua base na Bahia, deixando os petista daqui com cara de brasileiro depois da última copa do mundo.
           Mas, náo foi só aqui. Todos os presidenciáveis petistas perderam: Marta em Sáo Paulo, Wagner na Bahia, Dilma e Tasso no Rio Grande do Sul. Náo há outro ACM e náo existem mais postes.
           O que pode trazer essa eleiçáo municipal para os rumos do paÃs em 2010? Nada. O que existe no cenário polÃtico brasileiro é a mesmice. A velha diferença das ”colas, como dizia Lula quando ainda tinha humor polÃtico. Nós que precisamos dar um salto de qualidade na polÃtica, vemos nossas esquerdas perdidas nos velhos esquemas, sem capacidade de reinvençáo, sem compreender a crise civilizatória e propor realmente uma estratégia de futuro para o paÃs. Vamos acabar com nossas florestas, rios, minérios, numa economia primitiva e predadora. Vamos em linha reta como um carro no rumo do abismo. Nesse ponto, nem a grande mÃdia colabora para uma reflexáo mais crÃtica, perdida nas pontualidades da crise financeira atual.
           Talvez aquele ”menino que ganhou a eleiçáo em Bauru “ parece que a única novidade no Brasil “ simbolize um pouco de oxigênio e de clorofila para a vetusta polÃtica que paira no Brasil das eleições. Senáo, nosso futuro polÃtico será o mesmo das nossas florestas.
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