Adital – A partir do próximo 20 de janeiro, Barak Obama, filho de pai africano e máe usamericana, vai ocupar, ao menos por quatro anos, a cadeira presidencial da Casa Branca.
http://www.hart-brasilientexte.de/2008/12/05/usa-white-house-black-president-frei-betto/Â (englische Version)
Numa naçáo profundamente marcada pelo racismo, como os EUA, este sonho se tornou realidade graças à corajosa atitude, em 1955, de Rosa Parks. Costureira, militante do Movimento Negro, aos 42 anos, no dia 1o de dezembro de 1955, Rosa entrou no ônibus em Montgomery, Alabama, e ocupou o único assento vago.
Pouco depois, ingressou um homem branco. Exigiu que ela se levantasse para ele se acomodar. Todos no Alabama conheciam a lei: no transporte público, brancos tinham precedência sobre negros. Rosa fez como AntÃgona e, entre a lei e a justiça, escolheu esta última. Manteve-se sentada.
Presa, foi liberada após pagar multa. Ficou desempregada e sofreu ameaças de morte, que a obrigaram a se mudar para Detroit. Entrevistada, afirmou: „A verdadeira razáo de eu náo ter cedido meu banco no ônibus foi porque senti que tinha o direito de ser tratada como qualquer outro passageiro“.
Logo, sua atitude solitária transformou-se em solidária. Um jovem pastor da Igreja Batista, Martin Luther King Jr., incentivou seus fiéis negros a seguir-lhe o exemplo. No Alabama, a populaçáo negra boicotou o transporte público por mais de um ano, até derrubar a lei racista. Rosa havia acendido o estopim da causa usamericana pelos direitos civis e contra o apartheid. Por toda parte os negros abraçavam a desobediência civil e repetiam: I™m black, I™m proud (Sou negro e me orgulho).
Rosa náo viveu o suficiente para participar da posse de Obama. Morreu aos 92 anos. Em sua homenagem, a empresa de computadores Apple gravou na logomarca de seu site Think different (Pense diferente) e, abaixo, „Rosa Parks (1913-2005)“.
Há algo de novo no Continente americano: as elites econômicas já náo coincidem com as polÃticas. Lula no Brasil, Morales na BolÃvia, Chávez na Venezuela, Correa no Equador, Lugo no Paraguai e, agora, Obama nos EUA, destoam completamente do DNA das tradicionais oligarquias polÃticas do Continente. Sinal de que a democracia virtual está seriamente ameaçada pela democracia real, multicultural, sobretudo agora que a crise do capitalismo desmoraliza o dogma da auto-regulaçáo do mercado e apela à intervençáo do Estado.
Obama é tudo aquilo que merece o desprezo dos WASP, sigla usamericana que significa „Branco, Anglo-Saxáo e Protestante“, marca da parcela racista da elite dos EUA.
Já na década de 80, as coisas pareciam fora de controle quando Jesse Jackson, também negro, concorreu à presidência, em 1984 e 1988. Aliás, a linguagem, como diria Freud, revela significados além de sua etimologia. Muitos se referem a Obama como „afro-americano“. Ninguém jamais chamou Bush de „euro-americano“, ou qualquer um de nós, brancos, descendentes de espanhóis e portugueses que colonizaram a América Latina, de „ibero-americano“.
Por falar em palavras, uma que precisa perder espaço nos dicionários e em nosso vocabulário é raça, quando aplicada a seres humanos. Segundo a biologia, ela náo existe. Há táo-somente a espécie humana.
Nossas individualidades e identidades náo sáo construÃdas a partir da coloraçáo epidérmica, e sim da multidimensionalidade de nossa interaçáo social. Portanto, náo faz sentido falar em Estatuto da Igualdade Racial ou em Secretaria Especial de PolÃtica de Promoçáo da Igualdade Racial.
Precisamos construir uma sociedade e uma cultura desracionalizadas. Como afirma o cientista Sérgio Danilo Pena, do Projeto Genoma Humano, „um pensamento reconfortante é que, certamente, a humanidade do futuro náo acreditará em raças mais do que acreditamos hoje em bruxaria. E o racismo será relatado no futuro como mais uma abominaçáo histórica passageira, assim como percebemos hoje o disparate que foi a perseguiçáo à s bruxas“.
Obama pode se revelar uma caixa de surpresas. Mas é gratificante vê-lo e a Lewis Hamilton, campeáo da Fórmula 1, se destacarem num universo até entáo monopolizado pelos brancos.
« Brasilien: Ein Stadtguerrilheiro, Todesschwadronen und Pistoleiros – die alltägliche Kriminalität verschont auch die Reichsten nicht. Langtext(2001) Scheiterhaufen-Rap aus Rio de Janeiro. Guido Westerwelle im Tropenland. Aus Sicht der Machteliten erschien Rio de Janeiro vor dem Hintergrund der gravierenden Menschenrechtslage bestens geeignet für die Olympischen Sommerspiele 2016. – Brasilien: Lehrer sein in Rio de Janeiro. Aus den öffentlichen Schulen nichts Neues. Benedita da Silva, wie Marina Silva in „Assembleia de Deus“. »
Noch keine Kommentare
Die Kommentarfunktion ist zur Zeit leider deaktiviert.