Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro valorizaram, cada um a seu modo, a natureza mestiça do povo brasileiro. Sérgio Buarque de Holanda realçou o caráter „cordial“ da nossa gente, marcado por uma afetividade exuberante -mas nem sempre sincera- que compromete, muitas vezes, a objetividade nas relações interpessoais, sobretudo quando se trata de distinguir a esfera privada da pública. Outros, como Antonio Candido, se debruçaram sobre o nosso „jeito malandro de ser“, táo festejado pela MPB. Eu, porém, pedindo vênia aos pais fundadores das nossas ciências humanas, ousarei divergir.
Lulas Mensalao-Skandal, Hintergrund: http://www.hart-brasilientexte.de/2009/03/06/elitenliebling-lula-macht-alles-richtig-partido-do-movimento-democratico-brasileiropmdb-wichtigster-partner-der-regierungsallianz-jose-sarney-chef-des-nationalkongresses-ex-staatsprasident-collor/
Dr. Claudio Guimaraes dos Santos beim Website-Interview in Sao Paulo
Para mim, o que caracteriza realmente o povo brasileiro é a sua imensa passividade, Ã qual se alia um péssimo conceito de si mesmo. Essa baixa autoestima nos faz idolatrar o que provém do estrangeiro -especialmente dos Estados Unidos e da Europa- e desprezar o „similar nacional“, ainda quando este é, de fato, o melhor.
Trata-se da conhecida „doença de Joaquim Nabuco“ -como a chamava Mário de Andrade-, que é o fascÃnio irresistÃvel pelas „luzes“ do „Primeiro Mundo“.
Quanto à passividade, ela náo poderia ser mais evidente. O povo assiste, calado, aos escândalos mais chocantes: na „high society“, é o gangsterismo que viceja, sem vergonha, por entre orgias gastronômicas, degustações enológicas e colunas sociais; no Legislativo, sáo as velhas negociatas que maculam, ainda mais, a imagem dos congressistas; no Executivo, seja qual for o nÃvel, é a manipulaçáo politiqueira do Orçamento, é o uso eleitoreiro dos recursos, é o retorno quase nulo, sob a forma de serviços, dos tributos excessivos; no Judiciário, além da lentidáo, é a estranha condescendência, cada vez mais comum, com a retórica capciosa de alguns advogados, que desfiguram, pelo uso sofÃstico, os baluartes constitucionais da cidadania -como o direito ao habeas corpus ou ao devido processo legal-, os quais só valem para os poderosos.
A passividade do povo brasileiro chega a ser táo absurda que náo é raro verificarmos a reeleiçáo de figuras corruptas pelos mesmos ingênuos eleitores que, „ainda ontem“, por elas haviam sido ludibriados. É o popular „me engana que eu gosto“…
Trata-se, penso eu, de um traço bastante constante da nossa personalidade coletiva, que nos tem acompanhado ao longo da história, ainda que com algumas exceções: umas mais violentas -como Palmares, a Balaiada, a Cabanagem, Canudos, o Contestado, a revolta da Vacina ou a guerrilha dos anos de chumbo; outras mais pacÃficas -como o Fora Collor e as Diretas-Já. Além do mais, pouquÃssimas dessas revoltas contaram com a adesáo significativa da populaçáo brasileira, sofrendo, antes, a sua veemente condenaçáo.
(Que nos baste, como exemplo, recordar o que se deu com os raros cidadáos que, de armas na máo, realmente se insurgiram, com „fibra de herói de gente brava“, contra o regime militar -ainda que alguns deles, é verdade, almejassem a instalaçáo de uma outra ditadura, só que de Ãndole marxista: iludidos com a perspectiva de um maciço apoio popular, ficaram todos a ver navios, já que a maioria dos brasileiros náo deixou de usufruir as migalhas do „milagre econômico“, nem muito menos de festejar os „heróis“ da Copa de 70, pouco se importando se o „pau comia solto“ nos subsolos do poder.)
Se quisermos, portanto, ser sinceros, precisaremos admitir que a revolta aberta e franca nunca foi mesmo o nosso „forte“, ou, por outra, se ela o foi alguma vez, vem deixando de sê-lo a cada dia.Em vez dela, preferimos uma cerveja gelada, um bom pagodinho, um sofá e uma TV, a mesa do botequim. Briga mesmo só se for pelo time do coraçáo -assim reza o triste lema desta „pátria de chuteiras“, que se afunda mais e mais na indiferença e na apatia.
Todavia, teremos de ser sempre desse jeito? Náo nos será jamais possÃvel, nem mesmo num remoto futuro, neutralizar o escravismo e a cultura clientelista que, desde o inÃcio, nos macularam o sangue, debilitando-nos o caráter? Náo lograremos nunca dar um basta a essa elite bandida, decapitando, se necessário, ainda que metaforicamente, as suas „cabeças coroadas“? Ou decerto náo o faremos precisamente porque, lá no fundo, nós de fato idolatramos esses mesmos que nos pisam, só por sabê-los capazes de conquistar o que desejamos e que náo ousamos assumir?
E quanto à nossa autoestima? Até quando nos sentiremos „losers“, totalmente por baixo, só por falarmos português? Desde o 7 de Setembro, nós somos um paÃs. Falta-nos, ainda, embora poucos o saibam, virarmos uma naçáo. Longe vá temor servil!
Por CLÃUDIO GUIMARÃES DOS SANTOS, médico, neurocientista, escritor e doutor em linguÃstica pela Universidade de Toulouse-Le Mirail (França).
Fonte: Jornal „A Folha de S. Paulo“ de 16/04/09. , aus promotordejustica.blogspot
DAAD-Stipendiat und Schriftsteller Joao Ubaldo Ribeiro: http://www.swr.de/swr2/programm/extra/lateinamerika/stimmen/beitrag20.html
Guido Westerwelle und Brasilien: http://www.hart-brasilientexte.de/2013/12/26/guido-westerwelle-war-gestern-der-spiegel-westerwelle-in-brasilien-keinerlei-kritik-an-gravierenden-menschenrechtsverletzungensystematische-folter-todesschwadronen-liquidierung-von-menschen/
« Nur 1,3 Prozent der Mordfälle in Rio de Janeiro werden aufgeklärt, laut Institut ISP. Werden Mordfälle mit Festnahme auf frischer Tat hinzugerechnet, steigt Rate auf lediglich 4,1 Prozent. Brasilianische Verbrecherorganisationen erhöhen Auslandspräsenz. – „Anthropologen und Vertreter der Indianervölker verteidigten das Recht der Stämme, über die Kindstötung zu entscheiden.“ (Interlegis – Information des brasilianischen Kongreßsenats) Methoden des Kindermords bei Indianerstämmen Brasiliens. »
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