DAAD Deutscher Akademischer Austausch Dienst
Serviço Alemáo de Intercâmbio Acadêmico
”Morcegos sáo animais interessantes
Nascida em Bonn, Stefanie Elena Preuss fez sua graduaçáo e seu doutorado em
medicina veterinária na Universidade de Leipzig. A alemá trabalhou em uma
clÃnica de aves e répteis na Alemanha, em uma clÃnica veterinária no Brasil e
ainda escreveu tese de doutorado sobre o emprego da ressonância magnética
em iguanas verdes. No momento, dedica-se à conservaçáo de espécies. Desde
2001 ela costuma vir praticamente todos os anos ao paÃs. Stefanie está desde
março novamente no Brasil, preparando-se para uma aventura: passar um
perÃodo na Mata Atlântica pesquisando morcegos. Ela é nossa oitava convidada a
contar em nossa newsletter o que faz no paÃs com sua bolsa do DAAD.
Com a palavra, Stefanie:
”Após defender meu doutorado em Leipzig, em janeiro deste ano, mudei-me para o
Brasil como bolsista do DAAD, para pesquisar ectoparasitas de morcegos. Eu já
conheço bem o paÃs, pois em 2001 estagiei em uma clÃnica veterinária em Belo
Horizonte e, além dessa experiência, viajei para o Brasil várias vezes nos anos
seguintes. Também tive oportunidade de fazer estágios em vários institutos nos quais,
de um modo ou de outro, trabalhei com animais silvestres. Essa vivência me deu a
certeza de que gostaria de trabalhar mais com esse tema e, a cada nova visita ao paÃs,
aumentava minha vontade de trabalhar no Brasil por mais tempo.
A saúde dos animais, especialmente dos silvestres, sempre me interessou bastante.
Náo apenas o momento em que uma doença ocorre, mas o cuidado com a
sobrevivência das espécies em um meio selvagem. Pensando nessa área, me informei
sobre organizações que trabalham com medicina de conservaçáo no Brasil e assim
cheguei à Conservaçáo Internacional. É uma organizaçáo que possui escritórios em
várias cidades e trabalha com projetos sobre, praticamente, todos os ecossistemas
brasileiros. Entrei em contato com a organizaçáo, me informei sobre os projetos em
andamento e me entusiasmei com a pesquisa sobre morcegos na Mata Atlântica. Ela é
realizada em áreas onde existem diferentes espécies de morcegos e aborda questões
sobre o tamanho da populaçáo e a saúde desses animais.
Muitos se surpreenderam: ˜mas por que morcegos?™ Simples: morcegos sáo animais
interessantes e com hábitos diferenciados. Eles têm papel importante na conservaçáo
do habitat, inclusive para os seres humanos. Ao se alimentarem de insetos, controlam
o número de prováveis transmissores de doenças ou de devastadores de colheitas. Ao
se alimentarem com frutos, os morcegos distribuem sementes de árvores e, ao se
alimentarem com néctar, polinizam flores silvestres e plantas cultivadas. Essas sáo
algumas das razões que os tornam táo importantes no meio em que vivem.
Um aspecto relevante sobre a vida dos animais silvestres é a infestaçáo por parasitas.
Como ainda há muito para ser descoberto sobre os parasitas dos morcegos, estudá-los
faz parte do projeto que escrevi junto com a organizaçáo Conservaçáo Internacional e
o Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Objetivos sáo identificar as espécies
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dos ectoparasitas (parasitas que vivem no corpo do animal) encontrados em morcegos
de diferentes regiões da Mata Atlântica e avaliar a taxa de infestaçáo, ou seja, a
quantidade de parasitas em um morcego. Além disso, queremos analisar alguns
detalhes interessantes, como a distribuiçáo dos diferentes ˜instars™ (estágios de
desenvolvimento) de ácaros no corpo do morcego hospedeiro.
Como comecei minha pesquisa recentemente, ainda estou na fase de preparaçáo,
lendo artigos cientÃficos, pesquisando bastante na internet, conversando com
especialistas em morcegos e com parasitologistas. Também já acompanhei um grupo
de biólogos em uma pesquisa de campo, na qual eles capturaram morcegos.
As minhas idas a campo ocorreráo mais
tarde, podendo ter uma duraçáo de dias até
algumas semanas, e seráo realizadas junto
com biólogos brasileiros. Os morcegos
seráo capturados em redes finas, que seráo
armadas em locais estratégicos, pouco
antes do anoitecer, e inspecionadas
frequentemente. Os morcegos que nós
capturarmos seráo identificados, medidos e
pesados. Além disso, coletaremos os
ectoparasitas, como carrapatos ou ácaros,
que seráo guardados em pequenos frascos.
Em seguida, os morcegos seráo soltos e
poderáo seguir à procura de alimentos,
como fazem todas as noites. Depois de
cada ida a campo, o material será levado para o laboratório do Departamento de
Parasitologia, onde farei a análise. Feito isso, voltarei para o escritório da Conservaçáo
Internacional, com o objetivo de dar continuidade ao plano de pesquisa, Ã consulta
bibliográfica e à organizaçáo dos resultados.
Essa variedade de campos de trabalho me estimula. Como o projeto possui muitas
facetas, eu tenho oportunidade de atuar com diferentes pessoas: na Conservaçáo
Internacional, com os coordenadores do projeto; na excursáo pela Mata Atlântica, com
os biólogos da equipe; e, no Departamento de Parasitologia da UFMG, com os
professores e estudantes de lá. Todos me receberam muito bem e se esforçam para
me ajudar no que podem. Essa abertura e hospitalidade dos brasileiros, dentro e fora
do meu trabalho, me agrada e facilita a fazer amizades neste ˜lar temporário™.
Eu tenho consciência de que está sendo uma grande oportunidade estar aqui no Brasil.
Uma das razões da minha escolha foi a vontade de aprender mais sobre os
ecossistemas brasileiros. Para mim, é uma grande vantagem estar aqui e trabalhar
diretamente com pessoas que conhecem muito bem a regiáo, especialmente a Mata
Atlântica. Assim, aprendo muito mais do que se estivesse na Alemanha, longe do meu
objeto de estudo.
O diferencial deste trabalho no Brasil é que existem vários grupos de morcegos no paÃs
que náo existem na Alemanha, por exemplo os frugÃvoros e os nectarÃvoros. Os
parasitas também sáo diferentes, por isso as experiências que tenho aqui sáo únicas.
Como desvantagem, tem-se a burocracia para obter algumas autorizações para coleta
de material biológico, principalmente para estudos em parques nacionais.
Ainda ficarei nove meses no Brasil, ou seja, a maior parte da minha estadia está por vir,
mas já posso dizer que valeu a pena e que náo abro máo dessa experiência.
Stephanie quer aprender mais sobre ecossistemas brasileiros
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