Klaus Hart Brasilientexte

Aktuelle Berichte aus Brasilien – Politik, Kultur und Naturschutz

Franziskaner Johannes Gierse in Sao Paulo – eine politische Analyse der Situation Brasiliens.

Já sabemos o que vai acontecer daqui para frente –
náo sabemos, que decisáo cada um/a vai tomar

http://www.hart-brasilientexte.de/2010/01/28/deutscher-franziskaner-johannes-gierse-uber-die-rolle-der-regierungen-deutschlands-frankreichs-und-brasiliens-oded-grajew-weltsozialforum-2010/

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Após três semanas no Nordeste, onde participei do encontro dos frades da nossa Província em Bacabal e visitei as comunidades de Lago da Pedra, Piripiri e Teresina, retornei a Sáo Paulo. Encontrei os paulistanos em clima bem diferente daquele de início de janeiro: o povo está preocupado, vive com medo! O assunto principal sáo os temporais, as enchentes que há 40 dias náo param. ”A natureza náo agüenta mais! ouvi falar uma passageira no ônibus. O motorista respondeu: ”Cada açáo provoca uma reaçáo…

   Os acontecimentos do mês de dezembro têm a sua continuidade e seu agravamento em janeiro: Angra dos Reis, Ilha Bela, Sáo Luis do Paraitinga, Sáo José do Ribeiráo Preto, Grande Sáo Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro. As imagens freqüentes na TV já sáo familiares a nós: correntezas de água, os dramas das pessoas desesperadas, destruiçáo de ruas, estradas, casas, carros… equipes de resgate, cáes, mortos embrulhados em sacos, caixões. A Folha de Sáo Paulo do dia 27 de janeiro escreve na primeira página: 62 mortos desde o dia 1º de dezembro; uma de cada cinco cidades (132 de 645) do Estado de SP teve prejuízos; 26 cidades decretaram emergência. Por isso, já sabemos o que vai acontecer em breve, pois já sabemos o que está acontecendo hoje, basta olhar os fatos a olho nu que sáo índices claros e projetá-los e potencializá-los para os próximos dias, meses, anos.

   A ”previsáo do tempo dos noticiários diz o seguinte: ”O veráo no Brasil está mais chuvoso nas regiões Sul e Sudeste por causa do El Niño, fenômeno climático ocasionado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial… Já no norte do Amazonas e do Pará e no centro do Maranháo até a Paraíba choverá menos… De acordo com o INPE, no veráo passado o cenário era diferente – mais chuvas no Norte e Nordeste e seca no Sul -, devido aos efeitos do fenômeno La Niña, contrário ao El Niño.

   Os políticos se manifestam cada vez mais a respeito das enchentes. Lula, por ocasiáo do aniversário do município de Sáo Paulo, cobrou a uniáo entre prefeitos, governadores e o governo federal para resolver o problema e afirmou que „está na hora de a gente sentar e tentar encontrar uma alternativa definitiva para resolver o problema das enchentes… Náo é culpa do prefeito, do governador ou do presidente individualmente. Possivelmente seja culpa de todos nós, que precisamos sentar com muito mais gente e tentar oferecer uma alternativa para melhorar a qualidade de vida desse povo que sofre todo ano.   

   Kassab, prefeito de Sáo Paulo, Kassab, faz um passo a mais e falou de mudanças climáticas pedindo a populaçáo que colabore por meio de ações preventivas contra as enchentes. „O esforço coletivo é do poder público, mas também é fundamental a cooperaçáo dos cidadáos para que o lixo náo fique na rua em horário inadequado, que as pessoas náo joguem lixo na rua e dessa maneira possamos ser uma cidade melhor“. Conforme Kassab os problemas sáo conseqüência de „desequilíbrios climáticos que expõem as vísceras os nossos problemas de infraestrutura, trânsito e transporte, com reflexos sociais e econômicos desastrosos… Náo adianta acusar o passado, mas enfrentar o presente“ (cf. Último Segundo do IG, 25/01/2010).    Porém, raramente a mídia e os políticos identificam as verdadeiras causas: o estilo de vida individualista, materialista e consumista que se tornou o paradigma único do nosso mundo. É a nossa cultura, chamada ”civilizada, que causa tudo aquilo que está acontecendo de forma catastrófica, acelerada, irreversível. ”A vida que vivemos é feita de escolhas e decisões, muitas vezes feitas ou tomadas por impulsos, interesses, condicionamentos, alienações, etc. Mas, nada disso acontece sem que haja decisáo (Frei Fernando Hansen, OFMConv no blog Brasil Franciscano).   Com um pouco de bom senso entenderemos que o mundo de hoje e seus acontecimentos demonstram o tipo de escolha feita por nós. De fato, ouvindo o povo do Norte ao Sul do Brasil, mais e mais pessoas chegam a essa conclusáo: ”Somos nós que somos responsáveis por tudo isso!Â 

   Chegando a este ponto, resta somente uma única pergunta: Que decisáo, que escolha cada um/cada uma vai tomar? É exatamente isso que ainda náo sabemos. Sabemos que existem unicamente duas alternativas:   

   Ou a gente vai fazer de conta de que náo sabemos as causas ainda, que tudo isso é ”natural etc. Outros ainda váo tentar de se adaptar às mudanças climáticas, às enchentes e secas, caiando as casas sujadas pelo lodo da água, pagando seguros caros para todas as eventualidades de desastre, aceitando os preços cada vez mais altos para os alimentos, a água e a energia, migrando para lugares ”seguros e salvando-se quem poder… Enfim, vamos nos acostumar a essas ”imagens de horror que, como a gente espera, sempre atingem os outros? Vamos ter compaixáo e força para ajudar tantas vítimas?

   Ou, entáo, vamos sanar as raízes da crise solucionando as suas causas verdadeiras? Vamos começar a conviver com o ”DNA da vida que marca nosso planeta respeitando sua ordem? O que significa isso ”trocado em miúdo? Mas falar português! Os inimigos de uma economia justa e sustentável, os culpados principais dos desequilíbrios ecológicos nunca iremos combater e vencer ”de frente… eles sáo mais fortes do que todos nós. Mas

·        a agroindústria que acaba com a biodiversidade (lembrete: a ONU declarou o ano de 2010 o Ano da Biodiversidade) e é a causa principal do desmatamento da Amazônia será combatida quando mudamos nossos hábitos alimentares, prestando atençáo no que comemos (carne) e dando preferência à produçáo familiar, cooperativa, orgânica…

·        a construçáo de novas barragens hidroelétricas “ agora será construída a 3ª maior do mundo em Belo Monte do Pará “ que causam impactos socioambientais gravíssimos, somente iremos frear quando começaremos usar menos energia e usaremos fontes alternativas de energia, quase gratuitas, como o sol e o vento…

·        a indústria automobilística, um dos setores que gera mais emprego, mas também aquele que suga as matérias primas cada vez mais escassas no planeta, e que nesta crise econômica recebeu dos Governos ajudas financeiras de um volume imaginável; a onda crescente de carros, caminhões e motos que emitem os gases de dióxido de carbono e causam o caos diário no trânsito das metrópoles “ potencializado ainda mais pelas enchentes: de toda essa escravidáo dos veículos iremos nos libertar quando mudamos nossos hábitos e meios de transitar. (Basta viajar de ônibus ou de aviáo do Norte ao Sul do país para perceber o quanto de energia e matérias primas desperdiçamos)…

·        a política pública “ cada vez mais refém do sistema financeiro-econômico tanto no nível municipal, estadual e mais ainda federal “, somente assumirá sua tarefa de cuidar do bem comum da sociedade a partir da exigência da sustentabilidade, quando cada o cidadáo-eleitor souber discernir verdadeiramente os discursos eleitoreiros e analisar criticamente as práticas políticas.

   O fato de que o presidente Lula recebeu o prêmio de Estadista Global do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), no dia 29, sendo destacado como um líder político que tenha usado o mandato para melhorar a situaçáo do mundo demonstrando o verdadeiro compromisso com todas as áreas da sociedade, náo é motivo de alegria e glória para o Brasil! Pelo contrário, revela do lado de quem o presidente governa. Pode se duvidar se a integraçáo do crescimento econômico e com a justiça social foi realmente bem feita. A atual política econômica e sistema econômico-financeiro parece ser um ”cavalo de Tróia: Lá dentro dele se escondem os inimigos. Como se explica entáo, que inflaçáo está crescendo no Brasil como há tempo náo mais? Porque caiu a produçáo industrial por 20%? Porque o endividamento da República é o maior da história? – Uma verdade é inegável: o táo bendito crescimento econômico náo tem fundamento para o futuro: as riquezas naturais do Brasil “ o equilíbrio de seus ecossistemas, de seus biomas “ foram literalmente vendidas. Neste ponto, Lula disse a verdade: ”Custa caro começar a mudar essa situaçáo. E bota R$ para reconstruir o país!

   Este sistema capitalista náo será destruído de frente, ele vai ser corroído por dentro. No momento em que náo vamos mais comprar e consumir o supérfluo em detrimento do essencial. Quando entendemos que a ”minha sobrevivência e o ”meu bem-estar tem a ver, alias dependem essencialmente do bem-estar do meu próximo e da natureza. Náo bastam ”indústrias e comércios apenas tecnicamente limpos, sem justiça social nunca haverá equilíbrio ambiental e vice-verso.

   Sim, tudo está em jogo para ser analisado, questionado e renovado ou tirado: os políticos e sua administraçáo, a organizaçáo da sociedade, os objetivos das ciências e da tecnologia, as formas de produçáo da indústria e da agroindústria, o mercado financeiro. As enchentes, as secas, os tornados e as tempestades além de náo deixar pedra sobre pedra e arrastando pobre e rico, estáo revelando todos os erros, falhas e omissões da humanidade, cometidos no passado remoto até aos nossos dias.

   Isso afeta também a vida e a missáo da Igreja. ”Do ponto de vista da fé podemos interpretar os fatos desta forma: Os sofrimentos pelos quais passamos revelam o tamanho do nosso descaso às Leis naturais, aos Mandamentos da Lei de Deus e o desprezo que damos ao Sacrifício de Seu Filho Jesus. Agora, ou O ouvimos e nos convertemos ao verdadeiro propósito divino, isto é, o bem de todos e de toda criaçáo; ou continuamos surdos e perdidos nos labirintos infindos de nossas falsas escolhas e decisões nefastas (Frei Fernando Hansen). Portanto, se é uma questáo de conversáo, entáo a Campanha da Fraternidade deste ano que aponta categoricamente a decisáo a ser tomada “ servir a Deus ou ao dinheiro “ juntamente com a CF 2011, ”Fraternidade e a vida no planeta, somente teráo um bom êxito se cada cristáo encarar de frente essas questões. Ou tudo ou nada!    

   Já em 1995 Leonardo Boff escreveu: ”Dois grandes problemas ocuparáo as mentes e os corações da humanidade daqui para frente: Qual o destino e o futuro do planeta Terra caso prolongarmos a lógica de rapinagem a que o tipo de desenvolvimento e de consumo nos acostumou? Qual a esperança do mundo dos dois terços pobres da humanidade? (Ecologia: Grito da Terra, Grito dos Pobres)

   Hoje sabemos o que está acontecendo e o que acontecerá. Náo sabemos ainda, como cada um/cada uma de nós vai se decidir, posicionar… O que náo vale mais é ter uma visáo míope da vida. Quando as águas baixarem náo podemos imaginar que os problemas tenham baixado, sumido também. Pelo contrário, o tempo urge para adquirirmos uma nova mentalidade e cultura, um novo paradigma capaz de construir o futuro com alegria e esperança. Ou a gente aprende isso de forma voluntária e consciente, ou às duras penas.

Quem, no início do século 21, ainda náo compreende o significado verdadeiro de economia confundindo-a com crescimento econômico e financeiro,quem mede o progresso de uma naçáo apenas pelo aumento de lucros financeirosé um analfabeto ecológico, isto é, um cidadáo irresponsável, perigoso para o futuro da humanidade, ou como Jesus dizia: ”um louco!

 Sáo Paulo, no 42º dia seguido de chuva, mas ainda náo o último

Com meus votos para uma ressuscitante Quaresma:

 Guido Westerwelle und Brasilien:  http://www.hart-brasilientexte.de/2013/12/26/guido-westerwelle-war-gestern-der-spiegel-westerwelle-in-brasilien-keinerlei-kritik-an-gravierenden-menschenrechtsverletzungensystematische-folter-todesschwadronen-liquidierung-von-menschen/

Dieser Beitrag wurde am Montag, 22. Februar 2010 um 22:38 Uhr veröffentlicht und wurde unter der Kategorie Kultur, Politik abgelegt. Du kannst die Kommentare zu diesen Eintrag durch den RSS-Feed verfolgen.

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