http://www.mst.org.br/node/9685
Weiterer Systemkritiker ermordet: http://www.hart-brasilientexte.de/2010/04/23/weiterer-brasilianischer-systemkritiker-ermordet-mit-19-schussen-jose-maria-filho-prasident-der-vereinigung-der-enteigneten-landlosen-landarbeiter-bekannt-wegen-protesten-gegen-agrobusiness-und/
Â
MST-Rapper.
Plinio Sampaio, Jurist, Chefankläger beim Internationalen Menschenrechtstribunal von Sao Paulo: http://www.hart-brasilientexte.de/2008/12/06/menschenrechtstribunal-in-sao-paulo-verurteilt-brasilianischen-staat-wegen-folter-gefangnis-horror-kriminalisierung-von-armen-und-sozialbewegungen-sowie-wegen-bruchs-internationaler-menschenrechtsab/
Ausriß, Radio Vatikan . “Die Stimme des Papstes und der Weltkirche”. “Brasilien: Kirchliche Menschenrechtler enttäuscht über Merkel”. Plinio Sampaio, Günther Zgubic…
Com mais de 50 anos de vida pública, PlÃnio Arruda Sampaio é bacharel em
Direito pela USP e mestre em desenvolvimento econômico internacional pela
Universidade de Cornell (EUA). Foi deputado federal por três vezes, tendo
relatado o projeto de reforma agrária do governo Joáo Goulart. Com o golpe,
engrossou a primeira lista de cassados e foi para o exÃlio. À época, o cargo
de promotor público que exercia desde 1954 também foi cassado – só sendo
reconhecido novamente em 1984, quando foi anistiado e aposentado. Foi
diretor de programas de desenvolvimento da FAO, órgáo da ONU para
agricultura e alimentaçáo, trabalhando em todos os paÃses da América Latina
e Caribe. Um dos fundadores do PT, deputado federal constituinte e candidato
a governador em 1990 e em 2006, já pelo PSOL. Atualmente é presidente da
Associaçáo Brasileira de Reforma Agrária (ABRA).
MST-Aktivisten.
Wasserkraftwerk Belo Monte und Lula: http://www.hart-brasilientexte.de/2010/04/21/belo-monte-stauwerk-drittgrostes-der-welt-wird-in-amazonien-von-brasilianischem-staatskonsortium-errichtet-international-gefeierte-lula-regierung-macht-aus-sicht-der-privatwirtschaft-alles-richtig/
Rund 500 Website-Fotos bei Google – anklicken: http://images.google.de/images?hl=de&source=hp&q=hart+brasilientexte&btnG=Bilder-Suche&gbv=2&aq=f&oq=
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1. A história
O mês de abril se tornou um sÃmbolo da luta pela democratizaçáo da terra no Brasil e em todo mundo. Em 17 de abril de 1996, 19 trabalhadores rurais, que participavam de uma marcha, foram brutalmente assassinados pela PolÃcia Militar do Pará, em Eldorado dos Carajás. Era governador do Pará o sr. Almir Garbiel (PSDB). Era presidente do Brasil o sr. Fernando Henrique Cardoso. Segundo o advogado de defesa dos policiais, a empresa Vale do Rio Doce financiou a mobilizaçáo da tropa. O Massacre de Carajás foi um dos crimes mais covardes e estúpidos de toda história de nosso paÃs.  Passaram-se tantos anos, e até hoje ninguem foi punido ou condenado.Em 2002, o presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou projeto de lei de iniciativa da senadora Marina Silva, e instituiu o 17 de Abril como Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Por isso, no mês de abril, aqui no Brasil e em todo mundo acontecem mobilizações camponesas na luta por melhores condições de vida e para avançar a Reforma Agrária. Neste ano realizamos mais uma jornada de lutas, com mobilizações em todo paÃs, ocupações de terras, protestos e marchas, para seguir pautando as necessidades históricas dos camponesas e camponesas.Temos na pauta dois temas complementares. O primeiro é a necessidade de retomar o debate sobre a necessidade de mudanças estruturais na propriedade da terra e no modelo agrÃcola imposto pelo capital internacional em nosso paÃs, o chamado agronegócio. E o segundo sáo as diversas demandas concretas, compromissos assumidos pelo governo, para melhorar as condições de vida dos trabalhadores de forma imediata.A eleiçáo do presidente Lula abriu novas perspectivas para os trabalhadores rurais e para a Reforma Agrária. Depois da posse, acompanhamos a formulaçáo do Plano Nacional de Reforma Agrária, que foi rebaixado por pressáo da bancada ruralista e pela falta de prioridade da área econômica. Em 2005, fizemos uma grande marcha de Goiânia a BrasÃlia, com 12 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais, que caminharam mais de 200 km, durante 17 dias. No final da marcha, fomos recebidos pelo presidente Lula e entregamos uma pauta de reivindicações, com sugestões para melhorar a polÃtia agrária. Naquela ocasiáo o governo se comprometeu, por escrito, com os seguintes pontos:1. Priorizar o assentamento de todas as familias acampadas 2. Atualizar os Ãndices de produtividade (ou seja, cumprir a Lei Agrária)3. Garantir de recursos para a desapropriaçáo de áreas4. Criar de uma linha de crédito especÃfica para assentados5. Criar de uma linha especial de crédito no BNDES para agroindústrias e cooperativas nos assentamentos6. Ampliar os recursos para os programas da educaçáo no campo2. A conjuntura atualFoi passando o tempo, e muito pouco foi feito nessa direçáo. O resultado foi que, nesses anos, aumentou ainda mais a concentraçáo da propriedade da terra. A opçáo pelo agronegócio por parte de alguns ministérios ficou mais clara. Jornada a jornada, todos os anos, apresentamos praticamente a mesma pauta ao governo. Por isso dizemos que nossa pauta ficou amarela. Nenhuma medida estruturante foi implementada e os poucos assentamentos foram realizados mais como medida de soluçáo de conflitos do que como projeto alternativo para a produçáo. Milhares de famÃlias continuam acampadas. E do total de famÃlias assentadas pelo governo, 65% foram em projetos de regularizaçáo fundiária e colonizaçáo na Amazônia.Por outro lado, ao aproximar-se da eleiçáo, a direita se articulou nos espaços onde tem hegemonia, como o Poder Judiciário, a bancada ruralista e setores da mÃdia burguesa, para atacar a Reforma Agrária, a luta social e o MST. Nos últimos meses, foi nÃtida a campanha promovida pelos meios de comunicaçáo da burguesia. Os ataques no Congresso, com a constituiçáo da CPMI da Reforma Agrária, a tentativa de impor mudanças legislativas para pior, como no caso do Código Florestal e outras iniciativas.No Poder Judiciário, o ministro Gilmar Mendes se transformou em porta-voz do latifúndio, defendendo sempre e apenas o direito absoluto da propriedade, desconhecendo o que diz a Constituiçáo, e abandonando o posto de magistrado para se transformar em advogado dos interesses dos fazendeiros. Ele nunca se preocupou em receber a CNBB e a CPT para explicar porque, dos 1.600 assassinatos de trabalhadores e lideranças no campo de 1985 para cá, apenas 80 têm processos judiciais, 16 foram condenados e apenas oito estáo presos. Nem explicou quais medidas o Poder Judiciário está tomando em relaçáo aos flagrantes delitos contra o meio ambiente e as situações de trabalho escravo do latifúndio.  A senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que grilou uma terra pública de 2.500 hectares em Tocantins e expulsou os posseiros pobres, levanta-se como baluarte da tradiçáo, da famÃlia e propriedade, sonhando em ser vice na chapa do Serra. Pelo papel que ela tem cumprido à frente da CNA (Confederaçáo da Agricultura e Pecuária do Brasil), sabemos que ela vai representar os interesses mais reacionários da burguesia brasileira caso consiga disputar as eleições. Os ataques contra os trabalhadores já começaram. Sabemos que podem piorar.3. Nossa açáoNos mobilizamos, primeiro, para dizer para a sociedade brasileira que precisamos de mudanças estruturais na propriedade da terra, garantindo a democratizaçáo desse bem da natureza que a Constituiçáo garante a todos os brasileiros. Para dizer que o modelo do agronegócio é prejudicial para nossa sociedade, pois produz apenas commodities para exportaçáo, produz em larga escala somente com venenos, transformando o Brasil no maior consumidor mundial de agrotóxicos. Denunciamos ainda que a forma de produzir do agronegócio, além de superexplorar os trabalhadores, degrada o meio ambiente, contribuindo para as mudanças climáticas que afetam a todos.Nossa mobilizaçáo neste abril foi vitoriosa. Milhares de trabalhadores protestaram em quase todos os estados do paÃs. Em todos os lugares a sociedade nos apoiou de diferentes formas. Sem a solidariedade de tantas entidades, sindicatos, igrejas e pessoas de boa vontade seria impossÃvel levar adiante a luta em condiçoes táo adversas. Nos mobilizamos para exigir do governo que honre seus compromissos: que recupere o orçamento do Incra; que viabilize recursos para a desapropriaçáo das fazendas com processos prontos; que publique a portaria que atualiza os Ãndices de produtividade, e que discuta seriamente formas concretas de organizar a produçáo nos assentamentos. Que cumpra o compromisso de assentar as famÃlias acampadas há tantos anos.Fizemos reuniões com diversos ministros: do Planejamento, da Secretaria da Presidência, do MDA. Esperamos que os compromissos sejam de fato assumidos e viabilizados.      De nossa parte, como movimento social, temos o dever e o direito de seguir organizando os trabalhadores do campo, para que lutemos por nossos direitos. Estaremos atentos.E conclamamos a todos setores organizados das forças populares a se prepararem e somarem forças na jornada de 18 de maio, para uma mobilizaçáo nacional em prol da reduçáo da jornada de 44 para 40 horas semanais, sem reduçáo de salários.Lutar por Justiça Social é nosso direito. Acompanhe as notÃcias da luta por Reforma Agrária na nossa página da internet: www.mst.org.br.
Recomendamos ainda a leitura do blog da Rede de Comunicadores pela Reforma Agrária: http://www.reformaagraria.blog.br/ Secretaria Nacional do MSTÂ
Gilmar Mauro: ˜Lula náo fez reforma agrária, mas somente polÃtica de assentamentos™Â Escrito por Valéria Nader e Gabriel Brito, da Redaçáo   01-Mai-2010 O mês de abril se encerra e com ele mais uma ediçáo da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em entrevista ao Correio da Cidadania, Gilmar Mauro, dirigente nacional do movimento, analisa mais essa jornada, que reivindica o cumprimento das antiqüÃssimas promessas de promoçáo de reforma agrária e apoio aos assentamentos.  No entanto, Gilmar ressalta que náo é mais possÃvel manter as reivindicações por distribuiçáo de terras dentro dos parâmetros antigos, uma vez que o agronegócio e seus grandes grupos econômicos estáo no controle de todo o processo produtivo, náo se limitando somente à propriedade da terra.  Tal constataçáo nos leva à crucial questáo de rediscutirmos que tipo de produçáo e alimentaçáo queremos para a humanidade, hoje à s voltas com a forte presença dos agrotóxicos e a destruiçáo ambiental proporcionada por tal modelo. Além disso, destaca que o movimento ainda náo discute o pleito presidencial exatamente para evitar que a jornada seja tratada como eleitoreira, quando na verdade se baseia em toda uma ˜amarelada™ pauta de necessidades e exigências.  A entrevista completa com Gilmar Mauro pode ser conferida a seguir.  Correio da Cidadania: Os crÃticos mais à direita levantam insistentemente contra a reforma agrária o argumento de que a conclusáo da urbanizaçáo a tornou desnecessária, uma vez que teria impulsionado o mercado interno. Ademais, a diversificaçáo do mundo rural, incrementando a oferta de alimentos de forma a suprir a demanda, teria deixado sem sentido a idéia de uma reforma agrária, vez que náo se poderia imaginar o futuro de um paÃs como o Brasil sem a agricultura de grande escala, atraindo as massas urbanas novamente para o campo. O que você responderia a estes crÃticos?  Gilmar Mauro: Em primeiro lugar, toda a lógica da produçáo agrÃcola no Brasil e no mundo responde única e exclusivamente à lógica do grande capital, ou seja, do lucro.  As empresas investem na agricultura como mais um espaço de valorizaçáo do capital, por isso que hoje toda a produçáo – terra, comercializaçáo, indústria, patente, tecnologia etc. – é controlada apenas por alguns grupos econômicos. Causando, conseqüentemente, impactos gravÃssimos ao tipo de alimentos que a humanidade consome (à custa de hormônios e antibióticos, já que a lógica do capital é tentar diminuir os custos para ganhar mais dinheiro). Em suma, náo há qualquer preocupaçáo com o tipo de alimentaçáo que a humanidade terá.  Isso sem falar no impacto ambiental, com a monocultura e a utilizaçáo em grande escala de agrotóxicos contaminando os rios, lagos, lençóis freáticos e também o ar. Peguemos um exemplo brasileiro: há informações de que estamos com 175 milhões de cabeças de boi no Brasil, quase uma por pessoa. Na medida em que ocorre a crise energética e se investe bastante em cana e etanol, cidades como Sáo Paulo viram um mar de cana e toda a pecuária se estende para o Centro-Oeste e Norte do paÃs. O Centro- Oeste é nascedouro de vários mundos, portanto, isso causa impacto ambiental gravÃssimo. E a destruiçáo da mata da Amazônia também terá um impacto que dificilmente conseguiremos reverter.  CC: Qual é, portanto, em sua opiniáo, o significado da reforma agrária hoje no Brasil? De outro modo, existe uma questáo agrária no Brasil de hoje?  GM: A lógica anteriormente destacada destrói a natureza, o meio ambiente e assim por diante. E uma reforma agrária na atualidade náo pode ser pensada a partir da visáo dos anos 60, ao estilo distributivo-produtivista.  É por isso que a reforma agrária hoje tem de dar resposta a que tipo de alimentaçáo a humanidade quer consumir, se quer consumir produtos com agrotóxicos ou optar por uma alimentaçáo mais saudável; terá de responder também a que tipo de uso queremos dar ao solo e aos recursos naturais, incluindo subsolo e toda a biodiversidade; e, por fim, que tipo de paradigmas tecnológicos queremos para o futuro.  Portanto, uma reforma agrária é atualÃssima para o modelo agrÃcola do Brasil e do mundo.  CC: O governo Lula fez avançar de alguma forma a questáo agrária no Brasil? Que comparaçáo você faria entre o seu governo e o governo anterior do PSDB?  GM: Primeiramente, náo existe Plano Nacional de Reforma Agrária. Só existe uma polÃtica de assentamentos. Isso vem sendo aplicado desde o governo Sarney até hoje; uma polÃtica de assentamentos focalizada em algumas desapropriações aqui e acolá, sem alterar a estrutura fundiária.  Portanto, continuamos com a mesma concentraçáo da propriedade no paÃs e avançamos muito pouco no perÃodo. Evidentemente, houve conquistas importantes da classe trabalhadora, mas náo podemos chamar isso de reforma agrária.  CC: Vários lÃderes do movimento já avaliaram que, em funçáo da impossibilidade de se proceder a uma reforma capitalista clássica “ ao estilo daquelas que foram perpetradas na maioria dos paÃses capitalistas avançados, para as quais o pacto com a burguesia industrial foi fundamental “, e também a uma reforma socialista – o que somente se sucederia em uma conjuntura revolucionária -, o que se busca hoje é uma reforma popular. Você poderia especificar melhor essa questáo, no sentido de definir qual é o modelo de reforma agrária a ser perseguido na atual conjuntura histórica?  GM: Esse ponto da reforma agrária popular é um processo em construçáo e elaboraçáo. Mas a idéia em si é neste sentido, pois a correlaçáo de forças impede uma reforma agrária socialista, ao mesmo tempo em que a reforma agrária clássica estaria superada.  Dessa forma, é um perÃodo intermediário de construçáo de organicidade, de acúmulo de forças do movimento social. A idéia de uma reforma popular vem no sentido de executá-la por conta própria, sem deixar, evidentemente, de questionar o Estado, fazer demandas e pressioná-lo a cumprir sua parte. Mas construindo por conta própria experiências de produçáo agro-ecológica, de educaçáo, novas formas de organizaçáo dos assentamentos em termos de participaçáo polÃtica e organizaçáo do poder popular nos locais onde se constroem os assentamentos.  Portanto, é uma reforma agrária de resistência neste ponto histórico em que náo há possibilidade de avançarmos numa perspectiva socializante planejada, seja dos recursos naturais, meios de produçáo ou a terra.  CC: Em entrevista concedida há alguns meses ao Portal Uol de NotÃcias, Joáo Pedro Stédile declarou que o latifúndio se modernizou, associando-se a grandes grupos de multinacionais e adotando o agronegócio, tornando insuficientes as ocupações como forma de luta. Afinal, enfrentar um grande fazendeiro é bem diferente do que enfrentar o entrelaçamento entre grandes grupos econômicos. Qual é, portanto, a seu ver, a importância das ocupações atualmente? Sáo uma forma de chamar a atençáo?  GM: As ocupações náo sáo uma invençáo nossa, mas construções que a classe desenvolveu ao longo da história. Mesmo que o MST decidisse acabar com as ocupações, náo é por decreto que elas cessaráo. Enquanto existirem demandas por terra, por reforma agrária, haverá várias formas de luta, entre elas as ocupações. E as ocupações continuam sendo um instrumento fundamental na luta pela reforma agrária, como provou a última jornada nacional do MST.  É evidente que elas náo sáo suficientes para alterar a correlaçáo de forças em favor da reforma agrária. É preciso desenvolver lutas em conjunto com outros setores da classe trabalhadora. O projeto teria de vir acompanhado, como disse no inÃcio, das respostas sobre o uso que queremos dar ao solo, à s terras, aos recursos naturais, que tipo de alimentaçáo vamos produzir.  Os sem terra, sozinhos, náo têm forças para alterar esse cenário atual. Portanto, devemos construir novas formas de luta. Porém, elas náo se inventam em gabinetes, trata-se de um processo que a classe vai construindo, experimentando no seu cotidiano, tentando conjugar duas coisas: as lutas pelas necessidades imediatas e pelas mudanças estruturais que se pretendem fazer no Brasil.  As ocupações continuaráo sempre e quando houver grupos interessados na reforma agrária e enquanto este paÃs náo a fizer.  CC: Essas ocupações náo têm, de todo modo, deixado de produzir os resultados esperados?  GM: Acho que elas produzem, sim, resultados. Evidentemente, as situações sáo tratadas pelos meios de comunicaçáo, pelo Estado, como uma afronta ao Estado de Direito etc. Claro que se trata de propaganda ideológica, pois, se garantissem o que está na Constituiçáo, possivelmente terÃamos avançado muito mais na realizaçáo da reforma agrária. O que temos é Estado de Direito para alguns e Estado de Miséria e dificuldades para a maioria da populaçáo.  Mas isso náo me preocupa. No dia em que o Estadáo, a Globo, estiverem falando bem de nossas lutas, é porque elas estariam redondamente equivocadas. A direita sempre vai falar mal de nós, inclusive das ocupações. Sinal de que elas continuam dando certo e mexendo na ferida histórica do problema da terra no Brasil.  CC: É a partir deste espectro que temos que, sem dúvida, enxergar as acusações táo insistentemente veiculadas pela grande mÃdia sobre a violência do MST. Imagina, no entanto, que as ocupações estejam mais intrinsecamente associadas a estas acusações, indispondo, de alguma forma, o movimento com a opiniáo pública?  GM: Sempre fizeram isso. Os setores dominantes fazem o mesmo desde Canudos.  A tentativa foi sempre criar o estigma para depois justificar o processo coercitivo de repressáo. Qual a novidade dos tempos que vivemos? Aumentaram as duas coisas, coerçáo e conceito. A idéia do conceito se transmite via meios de comunicaçáo e outros aparelhos ideológicos privados, tentando estigmatizar e criminalizar o movimento social, assim como fazem com a pobreza, no intuito de justificar ações coercitivas por parte do Estado.  Penso que continuaráo a fazer isso. Náo devemos arredar o pé de nossas táticas e a ocupaçáo continua sendo instrumento fundamental de luta. Claro que sozinha náo resolve, mas a classe jamais abandonará tal instrumento como forma de luta para alcançar nossos objetivos.  CC: Há, de qualquer forma, um consenso de que fazer uma reforma agrária hoje náo implica mais somente em ocupar terra, mas em agir na denúncia do atual modelo econômico. O que se tem agregado, e ainda se pretende agregar, à s formas mais antigas de luta, de modo a formar um entendimento efetivo sobre a atual situaçáo agrária e, conseqüentemente, agir sobre ela?  GM: Eu até comparo metaforicamente a reforma agrária com uma boa feijoada. Para fazer uma boa feijoada, é necessário um monte de ingredientes, mas sem feijáo náo tem feijoada.  Na reforma agrária, é a mesma coisa. Tem de se trabalhar a idéia de um novo modelo agrÃcola, voltado à agro-ecologia, além de se ter educaçáo, cultura, espaços de lazer. Os assentamentos e suas comunidades precisam reproduzir a vida em todos os seus aspectos, náo apenas como espaço de produçáo econômica.  No entanto, sem desapropriaçáo de terra, náo tem reforma agrária. É preciso continuar desapropriando terra, mas, evidentemente, precisa ser iniciado um novo ciclo de produçáo e consumo de alimentos, um novo modelo. Que respeite o meio ambiente, atenda à s necessidades alimentÃcias da humanidade e, ao mesmo tempo, ofereça espaço para o pleno desenvolvimento da educaçáo, da saúde e outras condições de sociabilidade, diferentes das estabelecidas pelo mercado.  CC: Que avaliaçáo você faz do atual ˜abril vermelho™, com as manifestações do movimento por todo o paÃs?  GM: Acho que foi um momento bastante interessante das lutas, principalmente porque nos acusaram de fazer luta com dinheiro público etc.  Na verdade, o MST já passou por duas CPMI e agora enfrenta mais uma. Náo há nenhum convênio com o MST, sendo que algumas entidades próximas foram cortadas dos convênios. E mesmo assim tivemos uma grande jornada de lutas, com muitas ocupações Brasil afora, em clara demonstraçáo de que nosso movimento náo se guia pela quantidade de recursos e verbas públicas liberadas ou náo.  Aliás, a falta do Estado na saúde, na educaçáo e na assistência técnica obrigam alguns setores a fazer projetos que situam aquilo que historicamente é tarefa do Estado.  Portanto, essa jornada demonstrou que o MST vai continuar se organizando e lutando, e que a única maneira de acabar com o movimento é fazer a reforma agrária. De outro jeito, náo acabam com o movimento, pois, em determinados momentos, a luta pode diminuir, mas, sem resolvê-la na essência, sempre retornará, e com mais força. É uma grande quantidade de água represada e nunca vai ser possÃvel contê-la completamente.  Qualquer sociólogo medÃocre sabe que, se náo for resolvido o problema na essência, as lutas sempre váo aparecer com força, numa demonstraçáo de que a reforma agrária continua atualÃssima e como uma questáo das mais modernas.  Além disso, quando falei antes da questáo da utilizaçáo dos solos, da água, da terra, também me referi à questáo das cidades. O processo de urbanizaçáo que vivemos traz impactos sociais e ambientais muito graves.  Portanto, repensar a utilizaçáo do solo é voltar a repensar a agricultura como espaço de produçáo e preservaçáo ambiental.  CC: O MST é muitas vezes acusado de ser um partido polÃtico, possuindo uma ideologia no que se refere à s mudanças esperadas em nosso paÃs. O que você pensa disso?  GM: Náo se pode separar a luta reivindicatória, social, da luta polÃtica. Se o mundo é uma totalidade contraditória em movimento, náo há como separar as coisas. A luta social é parte da luta polÃtica e a politizaçáo da luta social é fundamental até mesmo para criar o atendimento à s necessidades imediatas.  No entanto, náo somos um partido nos moldes clássicos. O MST jamais vai se transformar num partido. É um movimento social com essa caracterÃstica, de aspecto e reivindicações populares, com a participaçáo de crianças, idosos, jovens, adultos etc., mas também com o aspecto de luta econômica, de construçáo das cooperativas, de respostas econômicas à produçáo. E também de aspecto polÃtico, com formaçáo ideológica. Tem escola de formaçáo polÃtica, jornal, revista.  O movimento é mais um instrumento da classe trabalhadora, defendendo sua particularidade, que é a reforma agrária, mas entendendo que, para a realizaçáo desta, é preciso toda uma operaçáo na estrutura do sistema. E isso só virá no dia em que as classes trabalhadoras reunirem instrumentos que aglutinem a luta e alterem o Estado burguês, que é deste estado de coisas que presenciamos.  O MST é só mais um parceiro nesta tarefa polÃtica de todo o conjunto da classe trabalhadora.  CC: Como o movimento vai se posicionar nestas eleições?  GM: É um tema pouco discutido ainda. Possivelmente, faremos um debate interno mais profundo no segundo semestre, até para fugir um pouco desse rótulo burguês, que colocou a jornada como algo eleitoreiro. Na verdade, náo é nada eleitoreira, pois temos uma pauta concreta e, por essa razáo, náo queremos debater a questáo eleitoral agora.  Ainda há um capÃtulo a ser resolvido com os governos federal e estaduais, que é essa pauta amarelada que náo foi atendida.  No segundo semestre, como todo cidadáo, participaremos do processo eleitoral. Mas náo temos uma posiçáo clara de defesa a alguma figura candidata à presidência.  No entanto, é evidente que a orientaçáo genérica para a nossa militância é votar naquele candidato que esteja compromissado com uma reforma agrária profunda e radical.  CC: Sabendo-se da evidente polarizaçáo do atual cenário eleitoral entre PT e PSDB, a vitória de Dilma ou de Serra náo impactaria de forma diferenciada no movimento?  GM: Eu acho que ainda é cedo para ter a definiçáo de que só esses dois váo disputar. Váo sair vários candidatos, figuras interessantes e de histórico polÃtico importante.  Na medida em que estabelecemos que a disputa será entre Serra e Dilma, ignoramos todo o processo anterior. Só depois que se definir o segundo turno teremos de fazer o balanço do que é melhor para o movimento social, o que faremos no momento certo.  Valéria Nader, economista, é editora do Correio da Cidadania; Gabriel Brito é jornalista. Â
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« Brasilia 50: „Eine Postkartenansicht – umzingelt von Misere.“ Brasiliens Qualitätszeitung „O Estado de Sao Paulo.“ Legendenbildung um Lucio Costa, Oscar Niemeyer und Juscelino Kubitschek kritisiert. „Brasilia – ein teurer Fehler.“ (O Globo) Erinnerung an Massaker an bis zu 500 Bauarbeitern – in Mitteleuropa gewöhnlich verschwiegen, ebenso wie die grauenhaften, inhumanen Arbeitsbedingungen bei der Hauptstadt-Errichtung. Helmut Schmidt und Oscar Niemeyer… – „Man stelle sich nur vor, wie die Wunderbare Stadt ohne die Hauptstadt der Hoffnung wäre, alle Probleme der Bundespolitik und Administration akkumulierend, mit einer Geographie der Hügel und der urbanen Krankheit der Slums, des Drogen-Business, der Polizisten und Unterweltler, die sich am hellerlichten Tage killen.“´Folha de Sao Paulo zu Brasilia 50 und der Ex-Hauptstadt Rio de Janeiro. »
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