Aliança entre ONGs ocidentais e neonazistas na Ucrânia
Por Marco Aurélio Weissheimer no portal Carta Maior
Os protestos de rua que vem sacudindo a Ucrânia nas últimas semanas são resultado, em grande medida, de uma articulação bizarra entre ongs e fundações norte-americanas e europeias e o partido neonazista Svoboda, liderado por Oleg Tiagnibog. Os Estados Unidos e a União Europeia estão dispostos a se aliar não importa com quem desde que isso enfraqueça a Rússia e permita a instalação de tropas da OTAN na Ucrânia. Esse é o pano de fundo desses protestos. A avaliação é do cientista político e historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira, autor, entre outras obras, de A Segunda Guerra Fria – Geopolítica e Dimensão Estratégica dos Estados Unidos (Editora Civilização Brasileira), onde examina o papel dos Estados Unidos na eclosão e o desenvolvimento de recentes rebeliões na Eurásia, na África do Norte e no Oriente Médio.
Para Moniz Bandeira, os recentes acontecimentos que convulsionaram vários países no Oriente Médio, na Eurásia e norte da África devem ser entendidos no contexto da estratégia de “full spectrum dominance” (dominação de espectro total) que os EUA continuam implementando contra a presença da Rússia e da China naquelas regiões. Em entrevista à Carta Maior, Moniz Bandeira analisa a situação da Ucrânia e identifica os grupos que, segundo ele, estão apoiando e promovendo as manifestações:
“ONGs, tais como Open Society Foundations [OSF], Vidrodzhenya (Reviver), Freedom House, Poland-America-Ukraine Cooperation Initiative e outras, finaciadas pelos Estados Unidos, através da USAID, National Endowment for Democracy e CIA, bem como fundações alemãs. Foram elas que promoveram a denominada Revolução Laranja, que derrubou o governo de Leonid Kuchma (1994-2005)”.
“Os chamados ativistas, que instigam e lideram as demonstrações pro-Ocidente, pertencem, em larga medida, a comandos do Svoboda e de outras tendências neo-nazis, levados de Lviv (Lwow, Lemberg) para Kiev e manifestam claramente tendências xenófobas, racistas, anti-semitas e contra a Rússia”.
A União Brasileira de Escritores e a Academia de Letras de Minas Gerais indicaram o nome de Moniz Bandeira para o prêmio Nobel de Literatura em 2014, cuja escolha será feita em outubro pela Academia Sueca.
Qual a sua avaliação sobre os recentes protestos que vem sacudindo a Ucrânia?
Moniz Bandeira – A Ucrânia nunca teve unidade étnica e daí a fragilidade do Estado nacional que lá se formou. Até o século XII, chamada Rus’ Kievana ou Kyïvska Rus, era uma confederação de tribos eslavas orientais, virtualmente oa maior potência da Europa, ao abranger a atual Bielo Rússia e parte da Rússia.
Desintegrou-se, porém, e esteve envolvida em constantes guerras entre russos, poloneses, cossacos e lituanos. Em 1795, a antiga Rus’s Kievna, ao oeste do rio Dnieper, que desemboca no Mar Negro, foi repartida. A Rússia anexou a maior parte da região, todo o Kanato da Criméia, e o Império Austro-Húngaro, sob a dinastia de Habsburg, dominou a outra, incluindo a Galitzia (Halychyna), na Europa Central, até 1918.
Durante a guerra civil na Rússia, após a Revolução Bolchevique (1917), lá combateram diversas facções. Após o Exército Vermelho derrotar as forças contra-revoluicionárias do general Antón Denikin e os anarquistas comandados por Nestor Makhno, a República Soviética da Ucrânia constituiu-se como Estado nacional e, em 1922, somou-se às Repúblicas Soviéticas da Rússia, Bielorrusia e Transcaucasia, na formação da União Soviética. Após o Pacto Molotv- Ribbentrop, ela reincorporou ao seu território a Galitzia e Volhnia, que integravam a Polônia, bem como recebeu da Romênia a Bessarábia, o nordeste de Bukovina e a região de Hertza. A opressão do regime stalinista, entre outros fatores históricos, gerou, no entanto, forte e profundo sentimento anti-soviético e, conseqüentemente, anti-russo. Uma parte da população não só saudou as tropas nazistas, como libertadoras, quando invadiram a Ucrânia em 22 de junho de 1942, como lutou ao seu lado. Porém, a maioria incorporou-se ao Exército soviético e a brutalidade nazista reforçou ainda mais a resistência.
Em 1945, libertada, a República Soviética da Ucrânia foi um dos países fundadores da ONU, mas Stalin não conseguiu colocá-la, como membro permanente, no Conselho de Segurança. A Grã-Bretanha opô-se. Não queria que a União Soviética com mais um voto, com direito a veto, no Conselho de Segurança. E daí que os dois países não aceitaram que o presidente Franklin D. Roosevelt, conforme prometera ao presidente Getúlio incluisse também o Brasil, porque estava então estreitamente vinculado aos Estados Unidos.
Quais são as causas e os principais protagonistas dos atuais protestos?
Moniz Bandeira – As causas das demonstrações são, sobretudo, geopolíticas e estratégicas. O que está em jogo não é, na realidade, a adesão da Ucrânia à União Européia. Não é questão de livre circulação de pessoas e de mercadorias. A União Européia muito pouco pode oferecer à Ucrânia, exceto, mediante o levantamento das barreiras alfandegárias, a importação maciça de produtos do Ocidente, a imposição de normas europeias aos produtos que ela fabrica e pode exportar para a mesma União Européia, o que lhe vai dificultar ainda mais as transações comerciais. A Ucrânia só tem a perder. O FMI vei impor medidas de contenção, dificultando ainda mais o desenvolvimento do país. Muitas indústrias fecharão ou serão assenhoreadas pelas multinacionais européias e os pequenos agricultores, arruinados pela agro-indústria.
Porém, o que os Estados Unidos pretendem, através da incorporação da Ucrânia à União Europeia é, sobretudo, possibilitar que as forças da OTAN sejam estacionadas na fronteira da Rússia. Conforme o economista Paul Craig Roberts, ex-secretário assistente do Tesouro no governo de Ronald Reagan (1981-1969), salientou, a respeito dos comentários de Viktoria Nuland, secretária de Estado Assistente de John Kerry, “a Ucrânia ou a parte ocidental do país está cheia de ONGs mantidas por Washington cujo objetivo é entregar a Ucrânia às garras da União Europeia, para que os bancos da União Europeia e dos Estados Unidos possam saquear o país como saquearam, por exemplo, a Latvia; e enfraquecer, simultaneamente, a Rússia, roubando-lhe uma parte tradicional e convertendo-a em área reservada para bases militares de Estados Unidos-OTAN”.
Com efeito, por trás das ininterruptas demonstrações, das quais dois senadores americanos -John McCain (Partido Republicano) e Christopher Murphy (Partido Democrata) abertamente participaram – estão certas ONGs, tais como Open Society Foundations [OSF], Vidrodzhenya (Reviver), Freedom House, Poland-America-Ukraine Cooperation Initiative e outras, finaciadas pelos Estados Unidos, através da USAID, National Endowment for Democracy e CIA, bem como fundações alemãs. Foram elas que promoveram a denominada Revolução Laranja, que derrubou o governo de Leonid Kuchma (1994-2005).
Essas e outras organizações não governamentais foram criadas como façade para promover a política de regime change sem golpe de Estado. Esse novo método de subversão, que os Estados Unidos desenvolveram, demonstro, com vasta documentação, em meu livro A Segunda Guerra Fria – Das rebeliões na Eurásia à África do Norte e ao Oriente Médio, lançado em 2013.
E como está a situação hoje da Ucrânia? Para onde caminha o país?
Moniz Bandeira – A Ucrânia está em uma situação econômica e social extremamente difícil. O desemprego, segundo o governo, é da ordem de 8% e parcela significativa da população – de 25%, conforme as estatísticas oficiais -, vive abaixo da linha de pobreza. O índice de desnutrição é estimado entre 2 e 3 % até 16%. O salário médio é de US$332,00, um dos mais baixos da Europa. As áreas rurais, no Ocidente, são mais pobres. E a Ucrânia está na iminência de praticar o default. Os jovens ucranianos, porém, imaginam que a União Européia pode melhorar seu standard de vida e aumentar prosperidade do país. Os ucranianos – em primeiro lugar a juventude – têm o sonho da UE, a liberdade de viajar, as ilusões de conforto, bons salários, prosperidade, etc. Sonhos com os quais os governos ocidentais contam para derrubar o governo de Vikton Yanukovych.
Qual a importância geopolítica da Ucrânia hoje no cenário europeu e internacional?
Moniz Bandeira – Zbigniew Brzezinski, ex-assessor de Segurança Nacional do presidente Jimmy Carter, escreveu certa vez que, no novo tabuleiro do xadrez mundial, “a Ucrânia podia estar na Europa sem a Rússia, porém a Rússia não podia estar na Europa sem a Ucrânia”. A equação, contudo, é muito mais complexa. A Ucrânia, chamada, tradicionalmente, de “pequena Rússia”, não pode se desprender da Rússia, da qual muito depende, sobretuido para seu abastecimento de gás. E sua adesão à União Européia, permitindo o avanço da OTAN até a fronteiras da Rússia, tenderia evidentemente a romper todo o equilíbrio geopolítico da Eurásia, uma vasta região terrestre e fluvial, até o Oriente Médio, devido abranger os importantes estreitos de Bósforo e Dardanelos, que possibilitam as comunicações do Mar Negro e de importantes zonas energéticas (gás e petróleo) com o Mar Mediterrâneo, cujo controle e completo domínio os Estados Unidos buscam com a derrubada do governo de Basshar al-Assad, na Síria.
A questão da Ucrânia insere-se, assim, no mesmo contexto da guerra na Síria. A Rússia ainda mantém importante base naval na Síria, em Tartus, bem como conserva forças no porto de Latakia. E, não obstante o colapso da União Soviética, continuou a configurar, na percepção dos Estados Unidos, como seu maior rival. Ao Ocidente – Estados Unidos e União Européia – não interessa, portanto, a criação da União Econômica Eurasiana, cujo tratado o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o grande estadista da atualidade, está a negociar com as antigas repúblicas que antes integraram a extinta União Soviética, tais como Quirguistão, Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão e Ucrânia, exceto os países bálticos. Os Estados e a União Européia entendem que a Rússia voltaria, assim, a conquistar dimensão estratégica e geopolítica na mesma proporção da extinta União Soviética. O que está em jogo não é questão ideológica. É geoestratégica.
Como disse, Washington nunca deixou de perceber a Rússia como seu principal adversário, mesmo após a dissolução da União Soviética (1991). Em 1991, o general Colin Powell, então chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, no governo de George H. W. Bush (1989-1993), recomendou que os Estados Unidos impedissem que a União Europeia se tornasse uma potência militar, fora da OTAN, a remilitarização do Japão e da Rússia, bem como desencorajasse qualquer desafio à sua preponderância ou tentativa de reverter a ordem econômica e política internacionalmente estabelecida. Também Dick Cheney, então como secretário de Defesa, divulgou, em 1992, um documento no qual estabeleceu que a primeira missão política e militar dos Estados Unidos consistia em impedir o surgimento de algum poder rival na Europa, na Ásia e na extinta União Soviética.
Qual é a atual correlação de forças interna na Ucrânia no que diz respeito aos protestos?
Moniz Bandeira – O eixo da crise não está propriamente na correlação de forças domésticas, i. e., dentro da Ucrânia. Grande parte da população não apoia os que fazem demonstrações em Kiev. E o país, quer queiram ou não os manifestantes, está na órbita de gravitação da Rússia. Por outro lado, o Mar Negro é controlado, desde o reinado de Catarina, a Grande (1762 e 1796), pela frota russa, baseada na península da Crimeia, com a base naval em Sebastobol e mais um porto em Odessa. A Rússia jamais pode aceitar a incorporação da Ucrânia à OTAN, mesmo que a associação com a União Européia não implique aliança política-estratégica. O presidente Vladimir Putin, diplomaticamente, já fez a advertência de que está muito preocupado com a dívida do gás que a Rússia fornece a Ucrânia não paga. E se cortar o fornecimento o governo, que os Estados Unidos querem impor, não se sustenta. Cai.
Viktor Yushchenko, quando foi levado à presidência da Ucrânia, era a favor do Ocidente, porém, tal como seu antecessor Leonid Kuchma, que solicitara a adesão da Ucrânia à OTAN, na reunião de Raykjavia (13 de maio,2002), teve de rever sua posição, diante da realidade geopolítica. Cairia, decerto, se consumasse a adesão à OTAN. A União Europeia, outrossim, depende mais da Rússia que a Rússia da União Européia. E essa foi uma das razões pela quais se recusou a alinhar-se com os Estados Unidos para aplicar sanções contra o governo de Viktor Yushchenko.
Acabei de receber de um conhecido em Kiev essa mensagem, que bem confirma e demonstra o quanto a mídia manipula as informações sobre os acontecimentos na Ucrânia:
“Sim, efetivamente aqui está muito quente na rua (a temperatura chegou a 35 graus negativos na semana passada). Eu fui ver as barricadas ontem à noite, na primeira linha diante dos integrantes da polícia militar. É bastante impressionante. Os opositores na rua que ocupam aquela área estão armados, muito bem organizados militarmente em companhias, fazem patrulhas em grupos de combate de dez pessoas, com capacetes e armas. Eu cruzei com dois sujeitos com uniformes da divisão SS Galicia (que lutou com os alemães contra os soviéticos em 1943-1945. Acho muito engraçado ver os políticos europeus fazendo grandes declarações sobre o “Maidan” e a democracia quando praticamente todos esses tipos que enfrentam a polícia nas ruas são fascistas. É uma grande hipocrisia. Os euro-atlânticos estão prontos a se aliar com não importa quem (como os islamistas na Síria) desde que isso contribua para enfraquecer a Rússia”.
Qual a estrutura política de fato da oposição ucraniana?
Moniz Bandeira – Na 50ª Conferência de Segurança de Munique, o secretário de Estado, John Kerry, disse que as demonstrações contra Yushchenko, em Kiev, tinham como objetivo implantar a democracia. Que democracia? Viktor Yushchenko fora democraticamente eleito em 2010. O nacionalismo ressurgente na Ucrânia e alimentado pelo Ocidente é, na realidade, um neo-nazismo. O partido que o fomenta é o Svoboda, cujo chefe é Oleg Tiagnibog, com maior influência no leste da Galitzia, antes pertencente à Polônia e onde muitos habitantes colaboraram com as tropas da Wehmarcht e formaram a 14. Waffen-Grenadier-Division der SS, sobretudo na Galitzia oriental, reduto da extrema-direita. Os chamados ativistas, que instigam e lideram as demonstrações pro-Ocidente, pertencem, em larga medida, a comandos do Svoboda e de outras tendências neo-nazis, levados de Lviv (Lwow, Lemberg) para Kiev e manifestam claramente tendências xenófobas, racistas, anti-semitas e contra a Rússia.
Os manifestantes que estão nas ruas têm o apoio da maioria da população?
Moniz Bandeira – Creio que não. O Partido das Regiões, liderado pelo presidente Viktor Yanukovich representa, provavelmente, a grande parte da população, sobretudo no oriente e no sul, bem como conta com forte apoio oeste, i. e., na Ucrânia sub-carpática. Seu suporte, portante, é grande, tanto que triunfou nas eleições em 2010. E o projeto do presidente Vladimir Putin fortalece ainda mais os vínculos da parte oriental da Ucrânia, mais industrializada, com a Rússia, mediante a cooperação industrial, modernização e integração de tecnologias, como antes se realizava com a União Soviética, nas áreas da aeronáutica, produção de satélites, armamento, construção naval e outras. Na parte ocidental o idioma que predomina é o ucraniano
Que lhe pareceu a expressão de desprezo pela União Européia (“Fuck the EU” ), dita pela secretária de Estado Assistente, Viktoria Nuland, na conversa com o enviado especial dos Estados Unidos à Ucrânia, embaixador Geoffrey Pyatt?
Moniz Bandeira – Não me surpreendeu. Viktoria Nuland apenas expressou o que sempre pensaram e pensam as autoridades de Washington com respeito não apenas à União Européia, mas também ao resto do mundo. A manifestação do extremo egoismo é nacional, a que o embaixador do Brasil, Domício da Gama, notara e escreveu ao Itamaraty, por volta de 1912. O vazamento dessa conversa, por telefone, de Viktoria Nuland com o embaixador Geoffrey Pyatt, sobre quem Washington deve escolher para assumir a presidência da Ucrânia, não vai provavelmente modificar a intenção de Washington com respeito à Ucrânia. A posição de Washington não é muito forte. Victória Nuland, irritada, demonstrou-o ao exclamar “Fuck the EU” diante da hesitação da Europa de arriscar sua existência em benefício da hegemonia dos Estados Unidos e não alinhar-se ao projeto de sanções contra o governo de Viktor Yanukovich.
A União Europeia e os Estados Unidos têm condições de enfrentar a Rússia para resgatar a Ucrânia do colapso financeiro?
Moniz Bandeira – Quase nenhuma. O povo na Alemanha, o país com mais recursos e sobre o qual recai a maior responsabilidade pelo resgate, não aguenta mais amparar financeiramente os diversos países, membros da União, a fim de que não quebrem. Continuam todos altamente endividados e praticamente não aparecem maiores sinais de recuperação econômica. A quase estagnação é um fato. E o problema da dívida pública dos Estados Unidos, a depender sempre de que o Congresso aumente o seu limite, não permite, decerto, ao governo do presidente Barack Obama atender à situação catastrófica da Ucrânia. Entretanto, a economia da Rússia, desde o ano 2000, cresceu em média 7%, tornou-se a sétima economia mundial segundo o método da paridade do poder de compra e ainda ajudou a União Europeia com a construção de oleodutos e gasodutos subterrâneos, que passam através da Ucrânia e outros países aos quais fornece grande parte da energia. Cerca de 60% do gás que a Alemanha consome provém da Rússia. E o presidente Vladimir Putin já forneceu ao governo de Viktor Yanukovich um bailout de US$17 bilhões, ademais de reduzir por algum tempo o preço do gás que fornece ao país. Mas se cobrar a dívida, a Ucrânia quebra.
Há quem veja uma conexão entre as mobilizações de rua que vêm ocorrendo em vários países nos últimos anos? O senhor vê tal conexão?
Moniz Bandeira – Diversos e complexos fatores, tais como a crise financeira mundial, iniciada em 2007/2008, a estagnação econômica, desemprego dos jovens, desencanto com os governos, bem como outros fatores domésticos e o fenômeno do contágio e mimetismo, concorreram para que agentes externos pudessem fomentar as demonstrações ocorridas em diversos países, sobretudo na Eurásia e no Oriente Médio. Como demonstro, documentadamente, em meu livro A Segunda Guerra Fria, logo após os atentados contra as torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, o presidente George W. Bush (2001-2009), ao mesmo tempo em que deflagrou a War on Terror, a guerra sem fim, estabeleceu a “freedom agenda” e autorizou o Departamento de Estado a criar a Middle East Partnership Initiative (MEPI) com o propósito de treinar ativistas político, com base no From Dictatorship to Democracy, do professor Gene Sharp, usado na Sérvia, na Ucrânia, na Geórgia e em outros países.
O objetivo era treinar e encorajar dissidentes e “reformistas democráticos!, sob os “regimes repressivos” no Irã, na Síria, na Coreia do Norte e na Venezuela, entre muitos outros, a solapar a estabilidade e a força econômica, política e militar de um Estado sem recorrer ao uso da insurreição armada ou de golpe militar, mas provocando violentas medidas, a serem denunciadas como emprego de força brutal, abuso dos direitos humanos etc. e provocar o descrédito do governo. A estratégia do professor Gene Sharp consiste na luta não violenta, porém complexa, travada por vários meios, como protestos, greves, não cooperação, deslealdade, boicotes, marchas, desfiles de automóveis, procissões etc., em meio à guerra psicológica, social, econômica e política, visando à subversão da ordem. Ela serviu para promover as chamadas “revoluções coloridas”, na Eurásia, e a “primavera árabe”, na África do Norte e Oriente Médio. E ONGs, finaciadas pela Now Endowment for Democracia (NED), USAID e CIA e outras instituições públicas e privadas, foram e são nada menos que a mão invisível Washington.
Daí a secretária de Estado Assistente, Victoria Nuland, ter declarado na conversa com o embaixador Geoffrey Pyatt que, nas duas últimas décadas, os Estados Unidos gastaram US$ 5 bilhões para a “democratização” da Ucrânia, i. e., para subverter os regimes, cortar seus laços históricos com a Rússia e integrá-lo na sua esfera de influência, via União Européia. Victoria Nuland é esposa de Robert Kagan, líder dos neoconservadores (neo-cons) do ex-presidente George W. Bush, cujo papel como “universal soldier”, o presidente Barack Obama passou a desempenhar.
Offizielles Regierungsfoto – Steinmeier und Dilma Rousseff in Brasilia 2015 – kurz nach dem 2. Minsker Abkommen. Rousseff hörte sich geduldig die entsprechenden Ausführungen Steinmeiers zu dem Thema an. Brasilien zählt zu den BRIC-Staaten, steht in der Ukraine-Frage zu Rußland und China.
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Das SS-Symbol Wolfsangel unter Adolf Hitler, das ZDF und der TV-Klassiker von Katrin Eigendorf über faschistische ukrainische Kampfeinheiten, anklicken:
NATO-Stellvertreterkrieg in der Ukraine – wie die ARD systematisch die nazistisch-faschistische Ausrichtung in den ukrainischen Streitkräften verschweigt. “Die Männer sind Patrioten”. In Deutschland verbotenes SS-Symbol Wolfsangel aus der Hitler-Ära groß auf LKW in Lielischkies-Lob-und Hudel-Reportage über ukrainische Freiwilligenverbände gegen die antinazistischen Widerstandskämpfer der Ostukraine. **
SS-Symbol Wolfsangel unter Adolf Hitler – unübersehbar auf Militär-LKW in Lielischkies-Reportage “Tödliche Falle Ilowajsk – Putins Armee im Ukrainekrieg” von 2014.
Wenn unter den festangestellten Journalisten sowie in der Führungsspitze von ARD und ZDF offenbar niemand Anstoß an der Verherrlichung von ukrainischen “Freiwilligen”-Verbänden nimmt, die ihre Denkhaltung mit der SS-Wolfsangel Adolf Hitlers, mit Hakenkreuzen und SS-Runen auf Stahlhelmen manifestieren, läßt dies interessante Schlüsse auf die in ARD und ZDF dominierenden Wertvorstellungen zu.
Ausriß – die Helden der ARD-Ukraine-TV-Berichterstattung – stets mit SS-Symbol Wolfsangel der Hitler-Ära.
Auch im WDR-Text zur Vorstellung des TV-Films fehlt jeglicher Hinweis auf die nazistisch-faschistische Ausrichtung der gezeigten “Freiwilligen”, gar auf deren selbst gewähltes SS-Symbol Wolfsangel aus der Zeit Adolf Hitlers. Das spricht Bände.
“…die story begleitet das ukrainische Freiwilligen-Batallion „Mirotworetz“ an die Front in Ilowajsk, wo die Männer glauben, den Vormarsch auf die Millionenstadt Donezk zu unterstützen…” WDR 2014
Weltspiegel zum Lielischkies-Film – ebenfalls kein Hinweis auf die nazistisch-faschistische Ausrichtung des Freiwilligen-Batallions:http://www.daserste.de/information/politik-weltgeschehen/weltspiegel/sendung/wdr/2014/weltspiegel-extra-moerderischer-ukraine-krieg-flucht-aus-ilowajsk-100.html
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Das SS-Symbol Wolfsangel unter Adolf Hitler – in den ARD-Tagesthemen vom 25.2.2015 groß auf Kampfhelm einer interviewten ukrainischen Soldatin. Doch vorhersehbar klärt Lielischkies die Zuschauer nicht auf, was das in Deutschland verbotene Nazi-Symbol zu bedeuten hat, über die Wertvorstellungen der Trägerin verrät…Auch ZDF-Korrespondentin Katrin Eigendorf interviewt Wolfsangel-Träger – verschweigt ZDF-Zuschauern ebenfalls, daß es sich um ein SS-und Nazi-Symbol handelt…Heute übliche Manipulationstricks. **
Ausriß. Nazis und Faschisten als bevorzugte Interviewpartner…Was wohl das Symbol auf dem Kampfhelm zu bedeuten hat, werden sich viele Uninformierte gefragt haben. Hätte Lielischkies in den ARD-Tagesthemen das SS-Symbol erläutert, gar die Trägerin darauf angesprochen, wären vorhersehbar nicht wenige Zuschauer stutzig, nachdenklich geworden. Schließlich heißt es stets auch offiziell, der Nazi-Vorwurf gegen die ukrainischen Streitkräfte sei pure russische Propaganda. Statt sich auf die Nazi-Ideologie der ukrainischen Streitkräfte zu konzentrieren, wird derzeit auch von der ARD das Mariupol-Ablenkungsmanöver gefahren, obwohl in der Stadt garnichts passiert, gravierende Verletzungen der Waffenruhe anderswo stattfinden.
Ermordung von russischen, ukrainischen Juden in der Ukraine durch Deutsche. Organisierte SS-Verehrung der SS-Killer in der Ukraine heute. Ostukrainische Russen halten dies für sehr problematisch – hochrangige Politiker in Berlin, Brüssel, Washington nicht.
Was für ein “wunderbarer”
Was für ein “wunderbarer” Bericht von Herrn Lielischkies. Ich frage mich immer wieder, wie man Kiew und diese “Kämpfer” unterstützen kann. Gerade wir als deutsche sollten uns eigentlich in Grund und Boden schämen.
Das Regiment Asow gilt als rechtsextrem und als ultranationalistisch ausgerichtet. Manche Angehörige der Einheit tragen an ihren Stahlhelmen nationalsozialistische Symbole wie das Hakenkreuz und die Siegrunen der SS.
Ausriß. Naziaufmarsch 2014 in der Ukraine – das SS-Symbol Wolfsangel, neben Hakenkreuz und SS-Rune immer dabei. ARD-Tagesthemen erklären nicht die Zusammenhänge – bei Lielischkies nichts Neues:
Ein weiterer hochinteressanter Fall – wer lügt, wer sagt die Wahrheit? “Tagesthemen” und der sehr aufschlußreiche Fall Krasmoarmeisk: http://www.hart-brasilientexte.de/2014/05/21/ukraine-2014-aufmerksame-deutsche-medienkonsumenten-bemerken-auch-in-der-tv-ukraine-berichterstattung-immer-mehr-ungereimtheiten-besonders-vor-den-bevorstehenden-wahlen-was-soll-man-glauben-de/
“Vorsicht: Lilischkies verbreitet Lügen”: http://www.hart-brasilientexte.de/2014/05/21/ukraine-2014-vorsicht-lilischkies-verbreitet-lugen-teil-1-der-fall-krasnoarmeisk-und-tagesthemen/
Das volle/leere Stadion: http://www.hart-brasilientexte.de/2014/06/03/ukraine-2014-wer-lugt-wer-sagt-die-wahrheit2-der-streitfall-ums-volleleere-stadion/
“Nazis spielen keine Rolle in der ukrainischen Politik”. Auswärtiges Amt in Argumentationshilfe 2015 zum Ukraine-Konflikt.
Wolfsangel: Von den Nationalsozialisten verwendetes Symbol. So trugen die Adjutanten der Hitlerjugend die Wolfsangel als Ärmelaufnäher. Auch die SA-Standarte Feldherrnhalle, derNationalsozialistische Schülerbund und diePanzerbrigade 106 Feldherrnhalle verwendeten dieses Zeichen. Die Wolfsangel soll in diesem Zusammenhang Wehrhaftigkeit symbolisieren. Nach dem Ende der NS-Diktatur wurde das Symbol gelegentlich in rechtsextremen Kreisen weltweit aufgegriffen. So war die Wolfsangel Erkennungssymbol der 1982 verbotenen Jungen Front (JF). Im Kontext von rechtsextremen Organisationen ist die Verwendung der Wolfsangel in Deutschland strafbar. Wikipedia
Ausrß – auch Tagesthemen-Moderatorin Caren Miosga mag die Zuschauer nicht darüber aufklären, was das SS-Symbol aus der Hitler-Ära auf dem Kampfhelm der ukrainischen Soldatin aussagen soll, zu bedeuten hat – und vor allem warum es in Deutschland verboten ist.
Viele Deutsche haben aus der Ukraine-Krise gelernt, daß offizielle Kritik deutscher Autoritäten an Neonazis, Rechtsextremisten, Antisemiten lediglich scheinheiliges Alibi-Gerede ist. Helmut Schmidt und die Waffen-SS.
SS-Symbol Wolfsangel unter Adolf Hitler – Lielischkies-Interviewpartner in Mariupol am 25.1.2015 in der Tagesschau – natürlich kein Hinweis, daß er mit einem Mitglied des berüchtigten Asow-Bataillons spricht. Ausriß.
Der Lielischkies-Beitrag wird mit einem Foto angekündigt, das eine rotschwarze Nazifahne zeigt:
Ausriß. Was die rotschwarze Fahne symbolisiert: http://www.hart-brasilientexte.de/2015/02/23/tagesschau-verwendet-in-bericht-ueber-bruch-des-2-minsker-abkommens-erneut-foto-mit-rot-schwarzer-fahne-ukrainischer-nazis-erklaert-dies-den-zuschauern-aber-nicht/
Massaker unter rotschwarzer Fahne zur Hitlerzeit, Wikipedia:
…The massacres of Poles in Volhynia and Eastern Galicia (Polish: rze? wo?y?ska, literally: Volhynian slaughter;Ukrainian: Volyn tragedy) were part of an ethnic cleansing operation carried out in Nazi German-occupied Poland by theUkrainian Insurgent Army (UPA)’s North Command in the regions of Volhynia (Reichskommissariat Ukraine) and their South Command in Eastern Galicia (General Government) beginning in March 1943 and lasting until the end of 1944.[4][5][6] The peak of the massacres took place in July and August 1943. Most of the victims were women and children.[4] The actions of the UPA resulted in 35,000-60,000 Polish deaths in Volhynia and 25,000-40,000 in Eastern Galicia.[3][7][8] For other estimates, see the tables below.
The killings were directly linked with the policies of the Bandera faction of the Organization of Ukrainian Nationalists and its military arm, theUkrainian Insurgent Army, whose goal specified at the Second Conference of the Stepan Bandera faction of the Organization of Ukrainian Nationalists (OUN-B) during 17–23 February 1943 (or March 1943) was to purge all non-Ukrainians from the future Ukrainian state…
Das ZDF verfährt nicht anders als die ARD – verschweigt den Zuschauern ebenfalls was die SS-Wolfsangel bedeutet, was es mit Hakenkreuzen und SS-Runen an Stahlhelmen der ukrainischen Streitkräfte auf sich hat:
Ausriß, heute-Sendung vom 8.9.2014.
Ausriß – ZDF erläutert nicht, warum ukrainische Soldaten der NATO-Marionettenarmee SS-Rune und Hakenkreuz am Stahlhelm tragen.
Ausriß, ZDF SS-Symbol der Hitler-Ära auf Fahne des ukrainischen Asow-Bataillons.
Brauner Bluff – Der Spiegel: http://www.spiegel.de/spiegel/print/d-81015408.html
…Die Bundestagswahl steht bevor, und der Redner, ein kleingewachsener, schneidiger ehemaliger Oberleutnant, wirbt um Hitlers einstige Elitetruppe. Als alter Kriegskamerad müsse er sagen, dass er “immer das Gefühl besonderer Zuversicht” gehabt habe, wenn die Waffen-SS neben ihm kämpfte. Leider würden deren Angehörige oft mit denen der Gestapo verwechselt und zu Unrecht angeklagt, berichtet später erfreut eine Zeitschrift der Waffen-SS-Veteranen über die Veranstaltung…
http://www.hart-brasilientexte.de/2015/02/25/das-ss-symbol-wolfsangel-unter-adolf-hitler-das-zdf-und-der-tv-klassiker-von-katrin-eigendorf-ueber-faschistische-ukrainische-kampfeinheiten-anklicken-2015-zeigen-zdf-und-tagesschau-ukrainische-pan/
Ausriß – Wolfsangel an SS-Panzer – wie auf Kampfhelm der Lielischkies-Interviewpartnerin.
Ausriß – ARD-Tagesthemen am 25.2.2015 – die Lielischkies-Interviewpartnerin mit dem in Deutschland verbotenen Nazi-und SS-Symbol.
Ausriß – Wolfsangel an SS-Motorrädern – SS-Division “Das Reich”.
Fig 1a Members of the 2. SS-Division “Das Reich” sporting the Wolfsangel on their motor-bikes. By Courtesy of the Military History Society of Canada. |
SS-Wolfsangel auf Uniform von ZDF-Interviewpartner 2014 – die Bedeutung des SS-Symbols wird jedoch den Zuschauern bewußt verschwiegen.
Angeli, Karikaturist der auflagenstärksten brasilianischen Qualitätszeitung “Folha de Sao Paulo” – Anspielung 2015 auf den Vietnamkrieg des NATO-Landes USA, auf das Radioprogramm für US-Soldaten “Good Morning, Vietnam”.
Polens Außenminister Grzegorz Schetyna steht offenbar schon wieder als blamierter Dummkopf da: “Moscow recommends Polish minister should brush up knowledge of political geography”. Das polnische Heer hatte bereits einmal Moskau erobert – an die Vertreibung der polnischen Invasionstruppen erinnert ein russischer Nationalfeiertag. Putin hatte 2005 den Tag der Befreiung Moskaus unter dem Namen “Tag der nationalen Einheit” wieder eingeführt .Rußlands lockende Bodenschätze – Öl, Gas, Erze… **
Moscow recommends Polish minister should brush up knowledge of political geography
January 29, 21:32 UTC+3
Poland’s foreign minister said that sanctions against Russia embodied a common position of the whole world
MOSCOW, January 29. /TASS/. The Russian Foreign Ministry’s special envoy for human rights, democracy and supremacy of law Konstantin Dolgov said on Thursday it would be highly desirable for Polish Foreign Minister Grzegorz Schetyna to recognize the obvious fact that the majority of countries did not join the anti-Russian sanctions introduced by Washington and Brussels.
“Poland’s foreign minister said that sanctions against Russia embodied a common position of the whole world,” Dolgov wrote in his microblog on Twitter. “The problem is he forgot about China, India, Brazil, other Latin American countries, and Africa.”
“Mr. Schetyna seems to need an upgrade not only in history but also in political geography,” he said.
Scandal around Auschwitz liberation anniversary
Grzegorz Schetyna produced an uproar in the run-up to the 70th anniversary since the liberation of Auschwitz when he told Polish radio in the middle of last week the world’s most notorious death camp had been liberated by the First Ukrainian Front and the Ukrainians.
“It was the First Ukrainian Front and the Ukrainians who liberated the camp,” he claimed when answering a question about why the Polish authorities had failed to invite President Vladimir Putin to the official events at Auschwitz-Birkenau.
“Since the Ukrainian soldiers were there on that January day, it was they who opened the camp’s gates,” Schetyna said.
“It’s common knowledge that Auschwitz was liberated by the Soviet Red Army, the soldiers of which represented all the nationalities and fought with equal heroism,” the Russian Foreign Ministry said in a comment on Schetyna’s remarks
“Incidentally, the First Ukrainian Front had the official name of the Voronezh Front prior to November 1943 and before that it was the Bryansk Front,” the comment said.
Die Glaubwürdigkeit der Regierung Polens:http://www.hart-brasilientexte.de/2014/12/10/hush-money-cia-paid-poland-to-host-its-secret-prisons-and-detainees-die-glaubwurdigkeit-der-regierung-polens/