Quando o Carnaval chegar
Marcelo Barros
Monge beneditino e escritor
Adital
Em várias regiões do Brasil, a expectativa do Carnaval é a de uma festa de liberdade e confraternização, mesmo se, cada vez mais, a sociedade do consumo é dominada pelo comércio de drogas, bebidas e exploração humana. Tradicionalmente, comunidades religiosas criam alternativas espiritualistas para preencher os dias de Carnaval. Ao contrário, grupos de tradição afro-descendente organizam blocos de Afoxé. Participam do Carnaval na comunhão do Espírito. Isso é importante e positivo porque a festa é uma dimensão fundamental da fé. Quem ama louva e quem louva festeja. Uma sociedade massificante faz espetáculos. Uma comunidade faz festa. No espetáculo, espectadores pagantes apreciam um show. Mesmo se interagem, continuam sendo platéia. Na festa, ao contrário, todos são atores e protagonistas. A festa cria envolvimento afetuoso e revela que cada um depende de todos, na construção de um corpo comum. Por isso, a verdadeira festa, mesmo se não tiver nada de explicitamente religioso, é profundamente espiritual.