Enquanto população comemora encerramento da Copa,
ativistas são levados para a prisão
Adital
Fonte: http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=81481
Enquanto pessoas do mundo todo se preparavam animadas para acompanhar a final da Copa do Mundo da Fifa 2014 no Brasil, neste domingo, 13 de julho, no estádio do Maracanã, Rio de Janeiro, a realidade dos ativistas sociais era bem diferente. Já na véspera, sábado, 12, 28 mandados de prisão temporária e dois de apreensão de menores começaram a ser cumpridos pela Polícia Civil do Rio contra manifestantes e participantes de protestos no último ano. O objetivo seria desmobilizar um grande ato de rua, marcado para o encerramento do Mundial.
A organização de direitos humanos Justiça Global afirma que as prisões foram realizadas para reprimir a população do Rio e incluíram duas mães. Os detidos e detidas foram encaminhados para a „Cidade da Polícia”, chegando na caçamba de camburões e retirados sob a mira de fuzis. As prisões cumpriram mandados expedidos pela 27ª Vara Federal da Capital, assinados pelo juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau. Entre os presos, está a ativista Elisa Quadros Sanzi, a Sininho, que foi detida em Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, e transferida para o Rio.
Segundo a Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), nenhum elemento que teria sido apreendido com os ativistas tipificaria o crime de formação de quadrilha armada, conforme a acusação. Além disso, esse juiz não tem competência para decretar apreensão de menores.
Para agravar a situação, as prisões ocorreram num dia no qual Defensoria Pública, Legislativo e outros órgãos do Estado, que poderiam atuar contra as „arbitrariedades” estavam em regime de plantão, dificultando sua atuação, destaca a Justiça Global.„Fatos que, somados ao curto prazo de prisão, evidenciam o propósito único de neutralizar, reprimir e amedrontar aqueles e aquelas que têm feito da presença na rua uma das suas formas de expressão e luta por justiça social”.
A Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop) divulgou uma nota pública frente às prisões de militantes e ativistas populares. „Repudiamos veementemente as prisões arbitrárias realizadas na manhã do dia 12 de julho de 2014. As vésperas da final do megaevento, espetáculo que será visto por mais de 3 bilhões de telespectadores, 60 mandados de prisão e apreensão foram expedidos”.
Segundo a Ancop, neste domingo, o mundo assistiu ao maior esquema de segurança que a cidade ou mesmo o país já viu, segundo palavras do próprio secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Maria Beltrame. Cerca de R$ 2 bilhões foram gastos em armas e segurança para a Copa de 2014. „Dos drones de Israel (que hoje bombardeiam a Faixa de Gaza) a treinamento com a Blackwater (empresa de mercenários dos EUA que atuou nas Guerras do Iraque e Afeganistão) é indignante o legado da Copa de repressão e intimidação contra a própria população brasileira”.
Segundo a entidade, as prisões temporárias violam a liberdade de expressão e manifestação dos trabalhadores e ativistas que ocupam as ruas nos últimos anos no Brasil. Somam-se a isso a criminalização e processos „forjados”, observados nas cidades-sede da Copa, como os casos de Rafael Vieira, preso a mais de um ano no Rio de Janeiro por portar produtos de limpeza e, mais recentementem de Fábio Hidekim em São Paulo, preso sob a acusação de „associação criminosa”.
Minha fé é política porque ela não suporta separação entre o corpo de Jesus e o corpo de um irmão.
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